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A Doutrina Bíblica da Santa Trindade

Autor: Rev. T. H. Brown

Publicado em: 19/11/2018

Base Doutrinária da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil

 

A Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil foi formada em 1831, por homens que estavam profundamente convencidos de que uma instituição com esta precisava de uma base de fé que assegurasse que seus negócios seriam conduzidos por homens que sustentassem o ponto de vista bíblico da igualitária e eterna divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao elaborar o texto “Estatutos da Sociedade Bíblica Trinitariana”, nossos fundadores declararam:

 

Os membros desta Sociedade consistirão de protestantes que confessam sua fé da Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo; Três Pessoas co-iguais e co-eternas num único Vivo e Verdadeiro Deus.

 

Num apêndice aos Estatutos, esta verdade bíblica é completamente expressa nestas palavras:

 

Há somente um Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, divisão ou paixões; com infinito poder, sabedoria e bondade; Aquele que fez e preserva todas as coisas, tanto visíveis como invisíveis. Em unidade com esse Deus há Três Pessoas, de uma só substância, de um só poder e uma só eternidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

 

O segundo artigo no apêndice declara que o Filho de Deus é verdadeiramente e eterno Deus, da mesma substância e igual ao Pai; e que no Filho, as duas naturezas, perfeitas e distintas, a Divindade e a Humanidade, foram colocadas juntas, de maneira inseparável, numa única Pessoa.

 

As bases concluem com a declaração de que “O Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho, é das mesmas únicas substância, majestade e glória com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus”. Estas não são afirmações novas, mas foram produzidas verbatim da Declaração de Fé das Igreja Reformadas, na época da Reforma Protestante.

 

A autoridade infalível da Bíblia

Desde os primórdios da história da Igreja Cristã, a verdadeira doutrina das Santas Escrituras a respeito desse assunto vital tem sido mudada e negada, e a maior parte das heresias que têm atribulado a paz da Igreja começou com uma corrupção dessa mesma doutrina. Nos dias atuais o testemunho da Igreja praticante é enfraquecido, de um lado, pela falta do ensino explícito e, de outro, pela hostilidade e descrença. Enquanto isso, muitas falsas seitas alteram a fé do povo de Deus, muitas das quais mostrando-se perdidas quando solicitadas a darem uma resposta bíblica concisa e imediata. Para essa doutrina não há outra autoridade além da Bíblia, a revelação divina, inspirada, infalível e competente, dada pelo próprio Deus. A breve demonstração de evidência que se segue é tirada somente dessa fonte.

Só há um Deus

A doutrina bíblica da Santa Trindade repousa sobre este fundamento: “o SENHOR é Deus; nenhum outro há, senão ele” (Deuteronômio 4.35). “Eu sou o SENHOR, e não há outro; fora de mim não há Deus” (Isaías 45.5). O Novo Testamento não é menos explícito quando o Senhor Jesus cita, a partir de Deuteronômio: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único Senhor” (Marcos 12.29). Paulo fala aos coríntios: “sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só” (1 Coríntios 8.4). Ele afirma a mesma coisa a Timóteo: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2.5).

O único Deus é “verdade e vivo”

Estas são exatamente as palavras da Santa Escritura. Jeremias diz: “Mas o SENHOR Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo” (Jeremias 10.10). Paulo lembra aos tessalonicenses que eles haviam se convertido dos ídolos “para servir o Deus vivo e verdadeiro” (1 Tessalonicenses 1.9).

 

Deus é eterno

As expressões “perpétuo” e “eterno”, que significam a mesma coisa quando relacionadas a Deus, são constantemente usadas pelos escritores sagrados quando falam do Todo-Poderoso. Moisés disse: “O Deus eterno é a tua habitação” (Deuteronômio 33.27). “...de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo 90.2). Isaías fala do “eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra” (Isaías 40.28). Paulo fala também do “Deus eterno” e do “Rei dos séculos, imortal...” (Romanos 16.26 e 1 Timóteo 1.17). Muitas outras passagens poderiam ser acrescentadas, mas estas já atestam a verdade completamente.

 

Deus não possui corpo, divisões ou paixões

O Senhor Jesus Cristo disse à mulher de Samaria: “Deus é Espírito” e, depois da ressurreição, disse aos discípulos: “um espírito não tem carne nem ossos” (João 4.24; Lucas 24.39). Deus é revelado na Bíblia como um Ser espiritual puro, presente em todo lugar, a todo e qualquer instante. “Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR” (Jeremias 23.24). Reconhecidamente, as Escrituras falam das mãos, dos ouvidos e dos olhos de Deus, e de Seu prazer, de Sua ira, de Seu amor, e de Sua aversão, mas esta é a linguagem condescendente a nosso conhecimento imperfeito. A fim de que entendamos alguma coisa de Seu ser e de Sua obra, Ele permite que os homens apliquem suas palavras humanas às coisas divinas. Assim, revela Seu ser divino ao nosso entendimento humano.

O poder de Deus é infinito

“Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra” (1 Crônicas 29.11). O Salvador divino diz: “a Deus tudo é possível”; e o anjo assegurou a Maria que “para Deus nada é impossível” (Mateus 19.26; Lucas 1.37). Esses e outros versículos revelam que Ele tem infinito poder.

 

A sabedoria de Deus é infinita

“Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito” (Salmo 147.5). A perfeição de Sua sabedoria é vista na obra da criação: “todas com sabedoria as fizeste” (Salmo 104.24). Seu conhecimento alcança tudo no passado e tudo que está por vir: “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras (Atos 15.18). “Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4.13). “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11.33).

 

A bondade de Deus é infinita

Ao olhar para o que havia criado, Ele viu que tudo “era muito bom” (Gênesis 1.31). “A terra está cheia da bondade do SENHOR” (Salmo 33.5). “... porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre” (Salmo 136.1). Os cristãos não precisam de provas quanto à bondade do Senhor além do conhecimento de Seu gracioso presente ao dar Seu eterno Filho para redimir seu povo e salvá-lo dos pecados. Esta é a bondade divina, verdadeiramente infinita e além de nossa compreensão.

 

Deus fez e preserva todas as coisas

“Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há” (Êxodo 20.11). “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis” (Colossenses 1.16). Ele preserva: “... tu fizeste o céu... a terra e tudo quanto nela há... e tu os guardas com vida a todos” (Neemias 9.6). Todas essas declarações derivam da infalível Palavra de Deus, e sobre elas se firma a doutrina da Santa Trindade. Elas revelam a majestade e a glória do DEUS ÚNICO. As Escrituras mostram com igual clareza que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, e que há uma Trindade de Pessoas na Unidade da Divindade.

 

A verdadeira Divindade do Senhor Jesus Cristo

Entre os enganos relacionados à Pessoa do Filho, há a noção de que Ele é Deus somente num sentido inferior, um ser criado, não o Deus “verdadeiro” e “real”, não co-igual e da mesma substância que o Pai. Alguns negam a divindade do Filho completamente, alguns negam que Ele tenha tido “duas naturezas perfeitas e completas: a divina e a humana”. Alguns declaram que na terra Ele era somente homem, e que após Sua ressurreição Ele era Deus somente. Alguns negam Sua humanidade perfeita e alguns, a Sua divindade perfeita. Entretanto, o Senhor Jesus Cristo é “Deus verdadeiro e eterno”.

O Antigo Testamento fala do Messias nestes termos: “Cinge a espada no teu flanco, herói” (Salmo 45.3); “O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo” (Salmo 45.6); “ele é teu Senhor; adora-o” (Salmo 45.11); “e se chamará o seu nome... Deus Forte” (Isaías 9.6); “este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA” (Jeremias 23.6); e Zacarias declara que Ele é “companheiro” (ou igual) do “SENHOR dos Exércitos” (Zacarias 13.7).

 

Ele exerce o poder e a sabedoria de Deus

Quando o Messias prometido estava na terra Ele mostrou, por Suas obras e pela Sua Palavra, que era verdadeiramente “Deus conosco” (Isaías 7.14; Mateus 1.23). Aquelas obras poderosas, que somente poderiam Ter sido feitas pelo “SENHOR Deus... que só ele faz maravilhas” (Salmo 72.18), Cristo realizou por Seu próprio poder e por Sua própria palavra. Ele curou o leproso, deu visão ao cego, levantou o que estava morto, acalmou a tempestade, tudo por Seu próprio poder. Se é alegado que os Apóstolos fizeram milagres, embora fossem somente homens, deve ser lembrado que seu poder derivava dEle, e eles sabiam disso.

 

Outra prova da divindade do Salvador é vista pelo Seu conhecimento dos corações dos homens. Salomão orou ao Deus Todo-Poderoso: “... porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens” (1 Reis 8.39), e ainda lemos que Jesus percebeu os pensamentos dos corações dos homens (Lucas 9.47), que “... a todos conhecia e,,, bem sabia o que havia no homem” (João 2.24, 25). Nestas coisas, Jesus exerceu um poder que pertencia somente a Deus. Mais uma vez, quem pode perdoar pecados, senão Deus? Ele diz: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões” (Isaías 43.25), e o Senhor Jesus disse: “o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” (Mateus 9.6).

 

Ele é adorado como Deus

O Salvador disse: “está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mateus 4.10), e ainda sem repreensão, permitiu que essa adoração fosse prestada a Si mesmo, ao declarar: “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai” (João 5.23). Lemos sobre um leproso, sobre um legislador, sobre os discípulos num barco, sobre uma mulher de Canaã e sobre um homem cego de nascença, todos eles vieram e adoraram Cristo. Após Sua ressurreição, Maria Madalena e outras mulheres “E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram” (Mateus 28.9). Tomé não foi censurado quando dirigiu-se a Ele como “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20.28). Ele, que apropriadamente recebeu a adoração devida somente ao Senhor nosso Deus, devia ser verdadeiramente o Senhor nosso Deus.

 

Ele é declarado Deus

Como os discípulos se referiram ao Senhor ressurreto e elevado aos céus quando Ele enviou o Espírito da Verdade para guiá-los infalivelmente à verdade? João diz: “... o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (João 1.1, 14). Em outra passagem, ele escreve: “... seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5.20). Paulo fala aos romanos que Cristo “é sobre todos, Deus bendito eternamente” (Romanos 9.5). Aos Colossenses, ele declara que “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9). Para Timóteo, ele afirma que “Deus se manifestou em carne” (1 Timóteo 3.16). Na epístola para Tito, Paulo ainda escreve sobre Jesus como sendo o “grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo” (Tito 2.13). Pedro também fala dEle como “Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 1.1).

 

Na visão de Cristo em glória mostrada em Apocalipse, Cristo anuncia Sua presença ao apóstolo amado: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1.8, 17; 21.6; 22.13). “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra” (Filipenses 2.10). Todas as criaturas devem levantar uma única voz de adoração ao nosso Deus Salvador, dizendo: “Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Apocalipse 5.13).

O Filho é Deus, e da mesma substância que o Pai

O próprio Senhor Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). Ele é o “unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14). “Ele é antes de todas as coisas” (Colossenses 1.17). Suas “saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5.2). Ele era o Verbo que estava “no princípio com Deus” e que “era Deus” (João 1.1, 2).

 

Ele tomou sobre Si a natureza humana

Jesus nasceu no mundo e cresceu “em sabedoria, e em estatura” (Lucas 2.52). Ele teve fome e sede, comeu e bebeu, sentiu fraqueza e fadiga, dor e tristeza, moveu-se de compaixão e lamentou a aflição daqueles a quem amava e a visão da ruína de Jerusalém. Ele era “em tudo... semelhante aos irmãos” (Hebreus 2.17) e, como eles “participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas” (Hebreus 2.14). Ele tomou “a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo” (Filipenses 2.7, 8). A esse respeito, Ele é descrito como “homem aprovado por Deus” (Atos 2.22); “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2.5).

 

Em Sua natureza humana, Ele era completamente homem, nascido de uma mulher quando, no milagre da encarnação, Maria “deu à luz a seu filho primogênito” (Lucas 2.7). É igualmente verdade que Ele era enviado de Deus: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gálatas 4.4).

 

A divindade e a humanidade estavam inseparavelmente unidas em uma única Pessoa

Não podemos entender essa misteriosa união, nem mesmo tentar explicá-la, mas sustentamos sua veracidade porque ela é claramente revelada na infalível Palavra de Deus. Como Deus, Ele podia dizer: “antes que Abraão existisse, eu sou” (João 8.58).; como homem, Ele era a semente de Abraão. Como Deus, era o Senhor de Davi; como homem, era filho de Davi (Mateus 22.43-45). Como Deus, pertenciam-Lhe todo poder e honra, tanto na terra como no céu; como homem, “ele mesmo está rodeado de fraqueza” (Hebreus 5.2). Como Deus, Ele era Senhor de todas as coisas pelo direito da criação, pois “sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1.3); como homem, foi destituído de todos os bens terrenos e não tinha “onde reclinar a cabeça” (Mateus 8.20). Como Deus, tinha em Suas mãos as saídas da vida e da morte, e tinha poder para sacrificar Sua vida e poder para tomá-la de volta (João 10.18); como homem, “Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca” (Atos 8.32).

 

As naturezas divina e humana nunca se separaram. Mesmo depois de Sua ascensão, Ele Se mostra como o Único Mediador – “Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2.5). Paulo fala do Senhor assunto ao céu como futuro Juiz – “por meio do homem que [Deus] destinou” (Atos 17.31). As Escrituras, portanto, deixam claro que o Senhor Jesus Cristo, como quando na Terra, é e sempre será ambos: Deus e homem. Nele, embora sentado em Seu trono de glória, a natureza humana está, de maneira misteriosa, unida com a divina.

 

O Espírito Santo é manifestado como uma Pessoa

É indispensável, primeiramente, estabelecer este aspecto verdadeiro, de maneira que, depois, possa ser mostrado que essa Pessoa é divina e da mesma substância que o Pai e o Filho. Aqueles que negam a divindade do Espírito Santo, invariavelmente, negam Sua existência pessoal distinta.

 

Quando o Senhor estava prestes a deixar Seus discípulos, Ele lhes prometeu: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade” (João 14.16-17). O “Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26). “Ele testificará de mim” (João 15.26). “Eu vo-lo enviarei” (João 16.7). “Ele vos guiará em toda a verdade... e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar” (João 16.13-14).

 

O próprio Senhor Jesus Cristo era uma Pessoa, e é claro que o “outro Consolador” também seria uma. As coisas que Jesus fala a respeito desse Consolador seria um tanto ininteligíveis se Este não fosse uma Pessoa. Ele deve ser uma Pessoa, pois é enviado, pois ensina, pois traz coisas à nossa lembrança e nos mostra as coisas relativas a Jesus. Estas são descrições das ações de uma Pessoa – ouvindo, recebendo, testificando, falando, reprovando, instruindo e guiando.

 

Testemunhos das epístolas de Paulo

Paulo nos fala que “... o Espírito ajuda as nossas fraquezas... [e] intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Romanos 8.26). Isto só é verdadeiro quando se fala de uma Pessoa que ajuda e intercede. “Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência... Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Coríntios 12.8-11). É inaceitável que um escritor inspirado usasse esse caráter de linguagem, atribuindo todas essas operações ao Espírito, se tal Espírito não fosse uma pessoa. Mais uma vez, o apóstolo admoesta-nos que não entristeçamos o Espírito de Deus. Tristeza não é um sentimento que possa ser atribuído a alguma coisa além de a uma pessoa. Portanto, o Espírito Santo é uma Pessoa, e isso é claramente definido pelas Santas Escrituras.

 

A consideração daquelas Escrituras que nomeiam o Espírito Santo conjuntamente com o Pai e o Filho conduzem à mesma conclusão. O mandamento é dado para que se batize no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Pai e o Filho são Pessoas e o mesmo é verdade para o Espírito Santo. O Senhor Jesus não ordenou a Seus discípulos que batizassem no nome de duas Pessoas e de uma influência abstrata. A bênção inspirada – “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” (2 Coríntios 13.14) – torna igualmente claro que tanto o Pai é uma Pessoa como o são o Filho e o Espírito Santo.

 

O Espírito Santo é uma Pessoa divina: “verdadeiro e eterno Deus”

Aqui, novamente, o presente breve artigo não pretende uma prova profunda e exaustiva, mas estabelece exemplos de evidência a partir do tesouro da verdade divina. Em Juízes 15.14, lemos: “o Espírito do SENHOR poderosamente se apossou” de Sansão; porém, em Juízes 16.20, depois que Sansão havia se rendido a Dalila, lemos: “o SENHOR se tinha retirado dele”. Portanto, “o Espírito do Senhor” é o Senhor Jeová, o Deus eterno. Em 2 Samuel 23.2-3, Davi afirmou “O Espírito do SENHOR falou por mim... disse o Deus de Israel...”, o que deixa claro que o Espírito Santo é o Deus de Israel. Em Jó 33.4, Eliú diz: “O Espírito de Deus me fez”, mas Deus é Quem fez todas as coisas; portanto, o Espírito é Deus. No Salmo 139.7, o salmista escreve: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?” As palavras seguintes estabelecem a onipresença e, portanto, a deidade, do Espírito Santo. Em Isaías 6.5-9, o profeta diz: “... os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos... Depois disto ouvi a voz do Senhor... Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis...” O apóstolo Paulo cita essas palavras em Atos 28.25-26: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvido ouvireis...” A Pessoa a Quem Isaías chama de Rei, o SENHOR dos Exércitos não é outro senão o Espírito Santo.

 

Os apóstolos mostram que o Espírito Santo é Deus

No Novo Testamento, o anjo que anuncia a Maria o milagre do nascimento do Salvador diz: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1.35). Aqui, o anjo assinala como uma razão pela qual Cristo seria chamado Filho de Deus o fato de que Ele seria concebido pela operação do Espírito Santo, e a isso se segue que o Espírito Santo é Deus. Em Atos 5.3-4, ao condenar Ananias, Pedro usa a expressões mentir para o Espírito Santo e mentir para Deus como sinônimos: “Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo... Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Ao mentir ao Espírito santo, Ananias mentiu a Deus. Portanto, o Espírito Santo é Deus. Paulo escreve aos coríntios “sois o templo de Deus” (1 Coríntios 3.16) e “o vosso corpo é o templo do Espírito Santo” (1 Coríntios 6.19). De uma comparação desses textos, deduz-se que o Espírito Santo é Deus. Paulo diz: “Toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Timóteo 3.16), e Pedro diz: “homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.21). Portanto, o Espírito Santo que inspirou os escritores era Deus. Todos esses textos, e muito outros mais, levam-nos a uma única conclusão: o Espírito Santo é Deus.

 

O Senhor Jesus Cristo descreve a blasfêmia contra o Espírito Santo como um pecado mais imperdoável que a blasfêmia contra o Filho do Homem (Mateus 12.31). Como pode ser assim, a menos que o Espírito Santo seja Deus? Do mesmo Espírito se diz que Ele busca as profundezas de Deus a fim de conhecer as coisas de Deus, para dar todos os dons espirituais, tais como sabedoria, conhecimento, cura, milagres, profecia etc.. O Deus Todo-Poderoso, sozinho, pode fazer essas coisas, mas elas são constantemente atribuídas ao Espírito Santo que, assim, é declarado Deus. Ele é “das mesmas substância, majestade e glória com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus”.

 

Ele é igual ao Pai e ao Filho

O escritor aos hebreus expressivamente chama o Espírito Santo de “Espírito eterno” (Hebreus 9.14). Se alguma outra confirmação fosse necessária, poderia ser obtida das palavras a respeito do batismo no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Como poderia o nome do Espírito Santo ser colocado ao lado dos nomes do Pai e do Filho, a menos que Ele, em verdade, fosse o “verdadeiro e eterno Deus”? Na administração da ordenança do batismo é concebível que o nome de um ser inferior seja colocado em igualdade perfeita com o do Pai Todo-Poderoso? As Escrituras revelam que não há outro Deus além dEle; Ele mesmo diz: “a minha glória, pois, a outrem não darei” (Isaías 42.8). A Pessoa cujo nome se mantém com o do Pai e do Filho é, Ela mesma, Deus, o Espírito Santo. A mesma coisa pode ser dita a respeito da bênção na qual Paulo invoca a graça e a bênção de Deus sobre os cristãos de Corinto: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” ( 2 Coríntios 13.14). Seria uma blasfêmia introduzir em tal bênção o nome de alguém que não fosse das mesmas substância, majestade e glória que o Pai e o Filho.

 

O Espírito Santo procede do Pai e do Filho

Ele é “aquele Espírito de verdade, que procede do Pai”, como o nosso Senhor declara em João 15.26. Portanto, diz-se que ele foi enviado pelo Pai (João 14.26; Mateus 3.16; 1 Coríntios 2.11, 14; 3.16 e Mateus 10.20). É dito que esse mesmo Espírito Santo foi enviado pelo Filho, e é até chamado de Espírito do Filho e de Espírito de Cristo (João 15.26; 16.7; Romanos 8.9; Gálatas 4.6; Filipenses 1.19; 1 Pedro 1.11). Assim, as mesmas expressões usadas para o Espírito em relação ao Pai são usadas para o mesmo Espírito em relação ao Filho e, pela mesma razão, o Espírito “procede” tanto do Filho como “procede” do Pai. O Pai e o Filho enviam o Espírito, Que é uma Pessoa, divina eternamente, e Um com Eles em Seu ser, em Sua majestade, em Sua glória e em Seu poder.

 

A Trindade em unidade

Com base nessas escrituras, torna-se claro que há somente Um Deus Todo-Poderoso, e é demonstrado com igual clareza que na unidade do Ser Divino há Três Pessoas “de uma substância, mesmo poder e mesma eternidade”. As palavras solenes “no nome do Pai” significam Deus o Pai, e que o Pai é Deus. As palavras seguintes, “e no do Filho e no do Espírito Santo”, significam o Filho que é Deus e o Espírito Santo que é Deus. Paulo conhecia bem o que estava escrito: “A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo” (Isaías 40.25); e “eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim” (Isaías 46.9). O próprio Paulo escreveu: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” (2 Coríntios 13.14). Nenhum cristão razoável ou reverente pode, por um só momento, imaginar que o apóstolo inspirado teria escrito uma bênção solene no nome do Deus Todo-Poderoso colocando, deliberadamente, o nome divino entre os nomes de Jesus e do Espírito Santo, a menos que ele cresse (e desejasse que nós também o fizéssemos) que Jesus Cristo é Deus e que o Espírito Santo é Deus, e que, na unidade com o Pai, Eles são o Deus Todo-Poderoso.

 

A doutrina revelada no Antigo Testamento

A revelação dessa verdade é parte das mais primitivas revelações de Deus à humanidade. A palavra hebraica que traduz “Deus” é “Elohim” – um substantivo plural, sempre relacionado a adjetivos plurais e verbos que claramente denotam a pluralidade de Pessoas na Divindade (p.ex., Gênesis 20.13 – “fazendo-me Deus sair errante”, onde “Deus” e “fazendo-me” são plural; Josué 24.19 – “porquanto é Deus santo”, onde “Deus” e “santo” são plural). Para mostrar que a Divindade é contudo Única, o plural “Elohim” é sempre combinado a substantivos e pronomes singulares: “No princípio criou Deus...” – aqui, “Deus” é plural, enquanto “criou” é singular. O título pelo qual o Todo-Poderoso é designado, “o Senhor teu Deus” é, no hebraico, Jehovah Elohim, onde Jehovah é singular, indicando a unicidade da Divindade; e, Elohim, é plural, indicando a pluralidade das Pessoas nessa unidade. Deve-se lembrar que essas revelações foram feitas a um povo constantemente advertido contra o politeísmo das nações circundantes. É inconcebível que Moisés, escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo, usasse palavras indicando uma pluralidade de Pessoas no Único Deus Eterno, sem que ele mesmo tivesse ficado irresistivelmente impressionado por essa misteriosa verdade e desejasse comunicá-la como parte essencial da revelação.

 

A verdade revelada nas palavras do Santo

Novamente, Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26); “Eis que o homem é como um de nós” (Gênesis 3.22); “Eia, desçamos...” (Gênesis 11.7); “quem há de ir por nós?” (Isaías 6.8). Não se pode atribuir nenhuma razão ao fato do Todo-Poderoso falar de Si próprio dessa maneira, a não ser a verdade de que “na unicidade da Divindade há Três de mesma substância, mesmo poder e mesma eternidade”. Também há muitos lugares onde a mesma verdade é anunciada, se não precisamente declarada. O Senhor ordena a Aarão que abençoe o povo com estas palavras: “O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz” (Números 6.24-26). Em Gênesis 18.1-2, lemos que “DEPOIS apareceu-lhe [a Abraão] o SENHOR... E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele.” Por que Deus apareceria a ele na semelhança de três homens, a menos que fosse para demonstrar essa verdade, que Ele tinha proposto revelar mais claramente em tempos futuros?

 

O Pai, o Filho e o Espírito Santo no livro de Isaías

Há alguns testemunhos muito claros em Isaías. “... vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do SENHOR arvorará contra ele a sua bandeira. E virá um Redentor a Sião... diz o SENHOR” (Isaías 59.19-20). Quem é esse “Redentor”? “eu sou o SENHOR, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó” (Isaías 60.16). Aqui fala-se de três Pessoas Divinas: o Espírito do SENHOR, o Redentor – o Eterno Filho, que viria para Sião – e o SENHOR, que fala através do profeta. Em outro lugar, lemos: “e agora o Senhor DEUS me enviou a mim, e o seu Espírito” (Isaías 48.16). Um estudo do contexto mostra que o orador é o Messias, o Filho de Deus, e as três pessoas da Santa Trindade são claramente indicadas: o Senhor Deus (o Pai), o Santo Espírito e o Filho.

 

A imutável verdade de Deus

Há uma maravilhosa harmonia e concordância de doutrina em diferentes porções da revelação de Deus à humanidade, e homens santos de Deus em todas as eras, embora nem sempre com o mesmo grau de luz, olharam com os olhos da fé para Deus o Pai (que os elegeu), para Deus o Filho (que os redimiu) e para Deus Espírito Santo (que os regenera e santifica) e alçaram seus corações em adoração ao Deus Triúno, em uníssono com os santos e com os anjos que “não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir” (Apocalipse 4.8).

 

Este é o firme fundamento da esperança do crente e a segurança da vida eterna. Também é o alicerce sobre o qual todo o trabalho e testemunho da Sociedade Bíblica Trinitariana estão estabelecidos. Tem sido sempre a doutrina da Bíblia, deve ser sempre a doutrina da Sociedade.

 

“Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém” (Judas 25).

 

A Sociedade se baseia sobre um fundamento trinitariano das Escrituras, que declara:

A Unicidade, Igualdade, Divindade e Eternidade de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo;

A completa divindade e perfeita humanidade do Senhor Jesus Cristo;

Seu miraculoso nascimento virginal, Sua ressurreição física e Sua ascensão aos céus;

Sua falta de pecado

Seu sacrifício expiatório

A Divindade e personalidade do Espírito Santo.

Uma cópia da Base Doutrinária e outras literaturas relativas ao trabalho da Sociedade serão enviados, caso solicitadas.

 

Esta é uma edição on-line do artigo nº 21, publicado pela Trinitarian Bible Society.

 

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A Trinitarian Bible Society (Sociedade Bíblica Trinitariana) foi fundada em Londres em 1831, para a glória de Deus e o crescimento de Seu reino. Hoje, a Trinitariana tem sede em seis países.

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